(XIV)
Passear por
Roma é muito bom
“As Sete Colinas de Roma”,
1957. O roteiro do filme parece ter saído das pranchetas de uma agência de
turismo e, sem maiores preâmbulos, põe a gente a passear entre monumentos e
paisagens romanos. Tem Mário Lanza com todo o seu prestígio de tenor num clima
de romance com Marisa Allasio. O dueto à beira da fonte com Luisa di Meo, então
uma garotinha, até hoje emociona. Canção de Renato Ascel:
Poi tutto d'un colpo
Trevi tutta pe' te!
Arrivederci, Roma...
Good bye...
Au revoir...
Si ritrova a pranzo a
Squarciarelli
Fettuccine e vino dei
Castelli come ai tempi
Belli che Pinelli immortalò!
Sem Fossas Ardeatinas, que o horror da Grande Guerra estava presente demais, mas, sempre, as Termas de Caracala, o Palatino, e o Campidoglio, com vista direta para o Trastevere e, claro, para o próprio Tibre, Isola Tiberina, inclusa, mais a brancura do mármore no monumento a Vitorio Emanuele II, lá no alto; Piazza Navona, Piazza di Spagna, as escadarias de Trinità dei Monti, a Via dei Condotti, quanta grife, meu deus do céu, os preços, nos últimos degraus! Rente às escadarias, o Museu Keats-Shelley, que guarda memórias dos dois grandes poetas românticos no endereço em que buscaram refúgio, em vão, contra a tísica, no clima ameno da Itália.
“Cidade Aberta” é a Roma de Roberto Rosselini e de Ana Magnani, dela,
também, a “Mamma Roma” de Pasolini, que recria na cena urbana, em tomadas emocionantes,
sugestões de afrescos de Giotto, Caravaggio, Tintoretto... A Cidade comporta
esse tipo de capricho, deixando sublimar com naturalidade séculos e séculos de história
e arte, em projeções luminosas nas telas dos cinemas do mundo inteiro. Esses
filmes dão a impressão de não buscarem revelar seus mistérios e segredos,
talvez para não compartilhar com não iniciados, só deixar rolar: inverno, as sombras da guerra presentes na
noite espessa, dissimulando o indecifrável. (nm)
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Continua na próxima quarta-feira