segunda-feira, 25 de setembro de 2017

BH exulta no esplendor da sibipiruna em flor

Manhã de domingo, trânsito interditado  na Savassi, um turista ou outro tirando fotos ao lado da estátua de bronze do escritor Roberto Drummond, crianças patinando, andando de bicicleta ou apenas correndo de um lado para outro no leito de ruas e avenidas sem automóveis, cachorros passeando seus donos e donas, umas bem bonitas. O blogueiro fotografa, distraído, os ladrilhos da Avenida Getúlio Vargas enfeitados de amarelo pela florada de sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides), que, pontualmente, chegou a BH com a Primavera.

Pois é. As flores das quaresmeiras chegaram primeiro, sempre chegam, com todos os tons da Paixão; em março, abril, é a vez do rosa clarinho das gordas paineiras, que tanto alegram os periquitos e outros psitacídeos que se mudaram para BH por causa dos incêndios e queimadas que lhes devastam sistematicamente o habitat. Em julho vêm as deslumbrantes inflorescências dos ipês roxos para assumir seu protagonismo incontrastável nas ruas, avenidas, praças e parque da cidade. Isso por umas quantas semanas, quando, então, saem da paisagem para dar vez à dourada explosão dos ipês amarelos, logo substituída pela passagem fugaz dos ipês brancos, grinalda digna para as bodas de qualquer Vênus de Botticelli.


Agora, são as douradas panículas da sibipiruna que enfeitam a cidade e alegram o coração. Elas decrescem da base para o ápice, criando graciosas formas piramidais que oferecem delicada sugestão de lanternas chinesas. Os folíolos minúsculos e as pequenas pétalas se desprendem e forram o chão, mesmo que  seja pavimentado e hostil, com seus matizes generosos. O Sol da Primavera na manhã tranquila  se deixa filtrar pelas copas espessas  e chega com suavidade ao leito da avenida, para espevitar o grato fulgor  da insólita tapeçaria. (nm)


Chope com o Rei no Gujoreba


A gente sai tirando umas fotos pela Savassi, em BH, e depois resolve flanar um pouco pelas ruas sem tráfego, onde sempre é possível encontrar conhecidos dispostos a alguma conversa fiada. Na quadra fechada da Rua Antônio de Albuquerque, nenhum conhecido no Café Três Corações, nas mesas ao ar livre do Gujoreba, ninguém. Do lado de dentro, porém, uma surpresa, àquela hora quase matutina, cerca das onze: dois amigos, Saba Mansur e Cláudio Antuña entregando-se ao alegre fruir do primeiro chope do dia. O que fazer? É chegar logo e incorporar-se, embora a primeira ideia fosse apenas a desfrutar o excelente café do lugar. Mas esse plano falhou rápido, com a chegada do Reinaldo José de Lima, que sentou-se à mesa e, depressa, Ivan, o “maitre”, trouxe-lhe uma água de coco, que bebeu devagar, depois o chope.

Por aqui todo mundo sabe que Reinaldo é o mítico centroavante do Clube Atlético Mineiro,  o melhor artilheiro de todos os tempos, que exerceu os misteres do futebol muito mais no nível de artista que de atleta e encantou até as pedras dos estádios. O blogueiro já tinha conversado duas ou três vezes com o “Rei”, que é como a apaixonada a torcida do Galo ainda o reverencia, mas não no clima de uma mesa de bar, de bar tranquilo e acolhedor da Savassi, o Gujoreba, no caso. Foi um tremendo happening, conversa boa, amena. Até sobre futebol a gente conversou.

O blogueiro pediu licença ao craque para uma foto. O Rei aquiesceu alegre e gentilmente e ergueu a mão direita, o punho fechado, no mesmo gesto alusivo ao movimento dos “Panteras Negras” com que celebrou cada um de seus gols inesquecíveis pelos estádios da vida, o gesto que as arquibancadas, em transe frenético,  replicavam com fervor republicano.


Reinaldo era só um garoto, mas aquela basta cabeleira “Black Power” e aquele punho erguido a cada gol, e eram muitos gols, irritavam demais os poderosos do Brasil. Isso também era muito bom. Bravo, Rei! (nm)

(Correção: O Gujoreba fica na Antônio de Albuquerque, e não na Fernandes Tourinho, como constou na mensagem aos leitores de O&B)