Minha
amiga Alcéa não é a primeira pessoa que conheço a se irritar com os excessos e
banalizações de todos os tipos que as redes sociais impõem ao nosso cotidiano.
Mas ela expressou sua inconformidade em versos que chegaram a O&B por
e-mail, uma forma até convencional de comunicação nesses tempos de tanto vatsap.
Não teve remédio senão publicá-los aqui, pelo prazer de compartilhar a bronca
fundamentada e bem posta com nossos amigos e leitores. Agora, uma
despropositada derivação, talvez porque anda tudo muito errático, erradio: No título
do poema, com a imaginação à solta, a
gente pode achar a remissão que quiser, até à “Errante Elissa”, Dido, a rainha
de Tiro que, em seu exílio, teve forças para fundar Cartago, e ainda, para seu
romance infeliz com Eneias, o herói troiano. (nm)
ERRANTE
Alcéa
Romano
Ando com “arg” de whatsap
Que eu não pedi pra chegar
Amanhece o dia bom dia
Nem escureceu boa noite.
E todo dia é assim
Até a segunda feira
E aí já chega bem cedo
Boa semana se queira.
Tem gente que não pensa
Naquele que vai receber
Manda piada e bobagens
Que não quero merecer
Nunca mais liga ou se ouve
A voz de pessoas queridas
De outros ainda bem
Pois há risco de ser
ferida
É política... religião,
Bobagens e safadezas
Pouca coisa se aproveita
Disto eu tenho certeza
E o tempo que se gasta
Ouvindo o que não pediu
Dá vontade de responder
Vai pra santa que te pariu
Tem muita coisa que apago
Sem ler e sem ouvir
Pois aquilo já veio antes
E não tenho que engolir
E o tal do instagram,
Do msn do facebook
Este aí que invadiu
A vida cheia de “looks”
Tudo escancarado
Sem nenhum pudor
E ninguém quer saber
Se estou feliz ou com dor
Ainda aventuro enviar
Um mais certeiro email
Tem gente que já se
esqueceu
E nem usa mais este meio
Ontem mesmo eu enviei
Algumas coisas pelo
correio
Era bom aquele tempo
Que até parecia sorteio
A notícia chegava de longe
Páginas escritas à mão
Faziam correr lágrimas
E que delícia se sensação
O mundo ficou assim
Tudo de perna pro ar
Até parece que um dia
Ele vai mesmo acabar
Mas cada um que se cuide
Daquilo que lhe é
importante
Pois a vida vai seguindo
Para todo ser errante
Quem quer ouvir uma voz
Que saia do seu coração
Este aí sabe o caminho
Do que lhe é confortante.
Obrigada Nilseu, pela sua disponibilidade e acolhimento. Abraço. Alcéa
ResponderExcluirSempre bem vinda, amiga.
ResponderExcluirSaímos das cartas, fomos ao telgrama, finalmente o telefone, o fax nos causou espanto, chegamos ao celular e... voltamos às cartas/telegrafadas, às respostas, desenhadas como nos tempos do primário.
ResponderExcluirPartimos dos tantans, passamos pelas cartas, o telegrama apressou a mensagem, o telefone nos deu a alegria da voz distante, o fax nos causou espanto, o celular nos dispensou o endereço e nos deu novamente a carta/telegramada,respondida com desenhos de crianças do curso primário.
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