Meu fraternal amigo Lélio postou em sua página na rede eletrônica umas
considerações que não poderiam ser mais generosas sobre ASAS DE BOLERO, o livro
que publiquei em dezembro, sobre conversas e peripécias de tempos juvenis. Em
nenhum momento ele presume de crítico, apenas deixa o breve texto fluir
afetuosamente. Isenção não há, porque amigos são assim mesmo, mas inflou o ego
do autor e lhe alegrou demais o coração. (nm)
Ei-lo, devidamente pirateado, para
compartilhar com os leitores deste O&B:
“Asas
remetem a sonhos e voos, como os de Ícaro e os de infância, a viagens a mundos
nunca dantes visitados ou mesmo a épocas e terras dolorosa ou alegremente
vividas. É o que nos vem de cara ao acompanhar a saga de alguns jovens de um
tempo romântico no qual alimentavam sonhos em um botequim, trocavam pinturas e
letras em varais à sombra de imensas árvores, cambiando juras, propostas e
propósitos para transformar com radicalidade um futuro que, rapidamente, chegou
e mais depressa ainda passou.
Falo
do romance de estudantes universitários loucamente entretidos na vontade de
agarrar o mundo com as pernas, atrevidos intelectualmente e bebendo nas
melhores fontes das artes plásticas, da música e da literatura. O que, também,
lhes importava era beber todas e comer muitas, fumar de tudo e dançar colado,
beijar na boca e abraçar causas como se fossem coisas, dançar bolero como se
fossem óperas, escrever libretos e realizar saraus, escutar caetanos, xicos e
betânias, gilbertos, agustins e vanzolins, heriveltos, violetas e dolores...
Conheciam a verdadeira história do campônio e sua amada, discutiam pintura de
Vermeer a Van Gogh e a Picasso, de Jean Genet a Bosch...
A
revolução de época era a da Nicarágua e Antônio, o que dançava
lindamente bolero e voava nas asas de sua amada Eulália, o que menos arrotava
palavras de ordem, foi lutar contra Somoza ao lado dos sandinistas e ajudou a
conquistar León e Matagalpa. (E Manágua, por supuesto.)
Tudo
acontecia ali, na Praça XV de Ribeirão Preto, à sombra de centenárias
figueiras, no bar da Padaria Americana. A narrativa de Nilseu, meu colega de
jornalismo, do INDI e da vida comove e nos poetisa com erudição à la limite e recuerdos ao som de um bandoneon... “Asas de Bolero”, (ed. Código/2017)
faz-nos voar e compreender a importância dos Amigos.
Cito
Cícero, filósofo e orador de Roma: Omne
suum tempus amicorum temporum transmittere - É importante dedicar boa parte do nosso tempo aos Amigos...”
Lélio Fabiano dos Santos
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