sexta-feira, 6 de abril de 2018

Amigos, voos e sonhos em Asas de Bolero


Meu fraternal amigo Lélio postou em sua página na rede eletrônica umas considerações que não poderiam ser mais generosas sobre ASAS DE BOLERO, o livro que publiquei em dezembro, sobre conversas e peripécias de tempos juvenis. Em nenhum momento ele presume de crítico, apenas deixa o breve texto fluir afetuosamente. Isenção não há, porque amigos são assim mesmo, mas inflou o ego do autor e lhe alegrou demais o coração. (nm)
Ei-lo, devidamente pirateado,  para compartilhar com os leitores deste O&B:
“Asas remetem a sonhos e voos, como os de Ícaro e os de infância, a viagens a mundos nunca dantes visitados ou mesmo a épocas e terras dolorosa ou alegremente vividas. É o que nos vem de cara ao acompanhar a saga de alguns jovens de um tempo romântico no qual alimentavam sonhos em um botequim, trocavam pinturas e letras em varais à sombra de imensas árvores, cambiando juras, propostas e propósitos para transformar com radicalidade um futuro que, rapidamente, chegou e mais depressa ainda passou.
Falo do romance de estudantes universitários loucamente entretidos na vontade de agarrar o mundo com as pernas, atrevidos intelectualmente e bebendo nas melhores fontes das artes plásticas, da música e da literatura. O que, também, lhes importava era beber todas e comer muitas, fumar de tudo e dançar colado, beijar na boca e abraçar causas como se fossem coisas, dançar bolero como se fossem óperas, escrever libretos e realizar saraus, escutar caetanos, xicos e betânias, gilbertos, agustins e vanzolins, heriveltos, violetas e dolores... Conheciam a verdadeira história do campônio e sua amada, discutiam pintura de Vermeer a  Van Gogh e a Picasso, de Jean Genet a Bosch...
 A revolução de época era a da Nicarágua e Antônio, o que dançava lindamente bolero e voava nas asas de sua amada Eulália, o que menos arrotava palavras de ordem, foi lutar contra Somoza ao lado dos sandinistas e ajudou a conquistar León e Matagalpa. (E Manágua, por supuesto.)
Tudo acontecia ali, na Praça XV de Ribeirão Preto, à sombra de centenárias figueiras, no bar da Padaria Americana. A narrativa de Nilseu, meu colega de jornalismo, do INDI e da vida comove e nos poetisa com erudição à la limite e recuerdos ao som de um bandoneon...  “Asas de Bolero”, (ed. Código/2017) faz-nos voar e compreender a importância dos Amigos.
Cito Cícero, filósofo e orador de Roma: Omne suum tempus amicorum temporum transmittere - É importante dedicar boa parte do nosso tempo aos Amigos...”
Lélio Fabiano dos Santos

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