Alarido alegre, de risco em risco, silhuetas aladas
maritaqueiam. Hieróglifos em movimento, vivos, à espera de algum champolion que
os decifre, quem sabe uma cigana experimentada para extrair deles o que nos
reserva o futuro. Não sabeis? Os textos fluidos revelam ritmos que a roda do
Tempo caprichosamente esconde, escancaram correspondências que o Universo às
vezes só mostra aos profetas e a um ou outro poeta: Panta Rei, o rio de Heráclito, o Rio de São Francisco (corre de noite e de dia), o córrego da nossa
infância que, de vez em quando, ainda rumoreja no coração. Tudo flui.
Fluem a lua, as estrelas, a Noite não cessa nunca. O Cosmo flui, desabrido, em todas as direções, e será deste modo até esvair-se na grande escuridão dos tempos: inscrições nas tumbas dos faraós, Ramsés; oráculos devastadores, Omar Khayyam, Baudelaire... Fluem as sombras escuras dos galhos de uma árvore morta. Irrequietos psitacídeos agarram seu fragmento ínfimo de eternidade e, por um momento, incorporam o Estro universal e convertem-se num pequeno poema elegíaco por um mundo que, para sempre, está sendo deixado para trás ou, apenas, indo embora depressa.
(NM)
Amei, muito poético!!!
ResponderExcluirObrigado, Santuza, pelo comentário gentil. Sua presença aqui, alegra e ilustra este O&B.
ExcluirObrigada, só hoje li sua resposta!
ExcluirNossa, pai! Que bonito!
ResponderExcluirÔ, Filhote: É muito bom ter você compartilhando estas pequenas aventuras literárias. Bj.
ExcluirE fluem os textos de Nilseu Martins com suas belezas fluidas que nos fazem estacionar por alguns minutos para desgustá-las ao sabor das estações...
ResponderExcluirGratidão Nilseu, amei o texto!
Sonel, generosa e gentil, como sempre! Obrigado pelo comentário e pela presença.
ExcluirBeleza, como sempre! Que tal ajuntar e publicar um livro com uma coletânea dessas maravilhas fluentes? Abraço
ResponderExcluirFabbrini: bom mesmo é ter você prestigiando O&B. Juntar textos para fazer livro? Ich Maria! Papel, edição, impressão. Até aí, tudo bem. Mas é duro saber que, na distribuição a gente morre mesmo.
ExcluirNilseu, que texto mais lindo! Amei!
ResponderExcluirBom ler isso aqui. Mas não sei quem comentou.
ExcluirAlma de artista acrescida de leituras mil de poesia e literatura, com pinceladas de egiptologia, códigos e muito mais, o meu amigo Nilseu consegue ver muito além quando fita uma árvore seca povoada de maritacas. Fotografa a cena e nos presenteia com um texto simplesmente encatador, cheio de sutilezas e referências cultas. Como é bom ler Nilseu Martins!
ResponderExcluirAh, Marília. Bom é ter uma amiga como você para afagar o ego do blogueiro e compartilhar generosamente suas pequenas aventuras literárias.
ExcluirNilseu, comentário acima: meu!!!
ResponderExcluirEntão era você, hem, Magda? Que bom.
ExcluirMuito lindo!!!!
ResponderExcluirAdorei!!!
ResponderExcluirComo é surpreendente a natureza humana. Acho que convivi mais com o autor na redação do jornal Estado de Minas, no ano em que editei a economia e ele a primeira página. Como eu podia suspeitar então o poeta Nilseu, como ele vem se revelando nestas O & B?
ResponderExcluirÔ, Zé. Que comentário mais generoso. Sua presença aqui, alegra o blogueiro e enriquece demais este O&B.
ExcluirQuerido amigo, que bela cronoema - crônica com sabor de poesia! Saudades nossas de você!!! Angela e Marcus
ResponderExcluirQueridos amigos: é um privilégio ter amigos como vocês, tão impregnados de poesia, que veem poesia até na conversa fiada de um blogueiro ocioso.
ExcluirPresadíssimo Nilseu,
ResponderExcluirParabéns pela sua bela prosa poética. Muito obrigado por tê-la enviado e desculpe pela demora em agradecer. Tempos modernos, caro Nilseu. Depois do aparecimento do smartphone carregando o mundo, negligenciei a consulta aos e-mails.
Como você lembrou, tudo flui e deixou o e-mail um pouco pra trás. Faço tudo no celular e vou pouco ao computador. Ignorante, só agora percebi que posso ler os e-mails no próprio celular. Coisa de doido, que está sendo ultrapassada como um raio pelo ChatGPT. Tudo flui, e nós, como as maritacas, vamos deixando rastros geométricos na eternidade.
Grande abraço e parabéns poeta das árvores e dos passarinhos.
Daniel.
Ô, Daniel,
ExcluirBom mesmo é compartilhar ociosidades com amigos como você.
Muito lindo Nil. Como sempre. Tô com saudade d’ocê. Beijo
ResponderExcluirAh, Zeza! O&B adora sua presença.
ExcluirNilseu: você tem um pouco de profeta e um tanto de poeta. Lindo!
ResponderExcluirNem tanto, Malluh, nem tanto! Mas obrigado assim mesmo.
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