terça-feira, 12 de agosto de 2014

Triunfo dos ipês na paisagem de BH



Olhe só que florada de ipês amanheceu esses dias na paisagem de Belo Horizonte, em alegre e consoladora epifania!  Tão discreta ultimamente, Harmonia, se incorpora à consciência vegetal dos ipês, com todos seus tons do rosa clarinho a um lilás encorpado, diante dos olhos, ao alcance das mãos. As árvores da ordem Tabebuia Avellanedae, paus d`arco, peúvas, ipês roxos ou que nome se lhes dê, como se  tivessem deliberado em assembleia:  - É hoje.

E no tempo e no prazo, em perfeita sincronia, lançam à luz o esplendor de inflorescências que colorem, iluminam e enfeitam BH e todos os outros lugares onde gostam de florescer. 


Ah, o “vasto mundo” de Drummond, agora poluído, violento, injusto, superaquecido e triste!  Boa rima deu-lhe o Poeta, mas deixou insolúvel e, embora as cores da inocência, a rosa despedaçada da velha cantiga de roda é só uma metáfora, crianças despetaladas em Gaza, a concretude do horror. É de desesperar, mas melhor não. A gente olha a florada dos ipês e não se cansa de olhar. De repente, dá até pra acreditar que o caos da insensatez e da intolerância, ao fim e ao cabo, não prevalecerá. (NM)

Um comentário:

  1. Caro Nilseu,

    é necessário que haja pessoas como vc a fim de dirigir a atenção dos apre(stre)ssados para a exibição que a natureza insiste em fazer por meio desses incríveis ipês-rosa, eles mesmos meio tristonhos e cobertos de fuligem e pó na maior parte do ano...Você cita o Drummond das Sete Faces, eu me lembro dele no poema sobre a flor que nasce no asfalto... E, principalmente, quando escreve sobre um uma cidade destruída pelo desordenado atropelo do crescimento doentio, mas irrefreável: "Clara passeava no jardim com as crianças./O céu era verde sobre o gramado./ A água era dourada sob as pontes./Os outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados."

    Não sei se esse espaço edênico existiu realmente, mas, ao ler o que vc escreveu sobre os ipês, desconfio que podemos entender o que o poeta quis significar com os tais elementos róseos...Um grande abraço!

    José Santos

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