Maria Luisa recebeu de uma amiga mexicana graciosa montagem,
imagem e versos de Sor Juana Inés de La Cruz que, desde Sevilha, enviou ao
blogueiro: “No me resisto a compartirla contigo. Se la voy a mandar también a
Rosinha, por eso de ¡que nos quiten lo bailao!” Bom. Rosinha é bailarina de
ofício, literalmente, muito baile vida afora. Dançar é sua riqueza. ¡Que nos
quiten lo bailao!” é um jeito muito espanhol pra expressar uma ideia do tipo
“Olha, meu chapa, você pode criticar, condenar, reclamar, o que quiser. Mas o
que eu dancei está dançado e não cabe devolução nem retorno”.
O blogueiro, por sua vez, não resiste à oportunidade de
compartilhá-la aqui, homenagem de O&B à grande poeta. É inacreditável que
ela tenha escrito o que escreveu na cidade do México do Século XVII!
Sem referência na memória referência aos versos que aparecem
na montagem, que não tinha certeza de serem da grande poeta, recorreu a Maria
Luisa: – Não me lembro de tê-los lido...
Ela esclareceu – Son de Sor Juana, por supuesto, de un soneto
titulado "Escoge antes el
morir..."
Ei-lo:
Escoge antes el morir que exponerse a los ultrajes de la
vejez
ostentaba feliz la
pompa vana,
y con afeites de
carmín y grana
bañaba alegre el
rostro delicado;
y dijo: Goza sin temor
del hado
el curso breve de tu
edad lozana,
pues no podrá la
muerte de mañana
quitarte lo que
hubieres hoy gozado.
Y aunque llega la
muerte pressurosa
y tu fragrante vida se
te aleja,
no sientas el morir
tan bella y moza:
mira que la
experiencia te aconseja
que es fortuna morirte
siendo hermosa
y no ver el ultraje de
ser vieja.
– Sor Juana era una adelantada a su tiempo, diz Maria Luisa.
Recuerda eso hombres necios que acusais //
a la mujer sin razón...
“sin ver que sois la ocasión
de lo mismo que culpáis;
(...)
Opinión, ninguna gana,
pues la que más se recata,
si no os admite, es ingrata,
y si os admite, es liviana.
Siempre tan necios andáis
que, con desigual nivel,
a una culpáis por cruel
y a otra por fácil culpáis.
¿Pues como ha de estar templada
la que vuestro amor pretende?,
¿si la que es ingrata ofende,
y la que es fácil enfada?"
Feminista avant la
lettre? Não sei. Mas o baile que bailou Sor Juana Inés está bailado,
bailado para sempre. Suas palavras de fogo resplendem como uma grande
constelação que, em meio a jornada triste no deserto da insensatez misógina, da
discriminação obtusa, da tosca intolerância, pode oferecer Norte seguro ao
peregrino. (nm)
Gracias, Nilseu, muy lindo! Sigamos gozando nuestra edad sin temer el hado y todo más!
ResponderExcluirUn abrazo fuerte y lozano!
Lélio Fabiano
Adorei, Nilseu! Confesso que se meu espanhol fosse melhor, teria aproveitado mais a leitura... Pra isso, vou recorrer à família Antuna!
ResponderExcluirQuerido Nilseu,
ResponderExcluirVou ler sobre a Juana Inés. Adoro tudo o que ela escreveu. Por acaso você já viu a série da Netflix sobre ela? É muito boa. Acho que estou chovendo no molhado, imagino que tenha visto.
Abraços da
Marilia
Querida Marília,
ExcluirBom ter sua companhia aqui em O&B. Não vi a série, que ando meio desplugado da tv. Mas Sor Juana é um portento, não é não?
Grande Nil... "escolha bem feita" . Amanhã temos encontro no Bar do Xumba, Jaspe com Salinas, Santa Teresa. Até lá,
ResponderExcluirPanther
Oi, Panther,
Excluirestaremos lá.
Olá, Nilseu!
ResponderExcluirQue boa surpresa você trazer Sóror Juana Inés de la Cruz ao seu blog! Ela, escritora talentosa e mulher admirável, lutou e sofreu para superar as limitações impostas pela sociedade preconceituosa e androcêntrica dos anos seiscentos, agravadas pela pressão da Igreja e da Inquisição nos moldes ibéricos. Moldada pela estética barroca, Juana Inés soube, como poucos, expor o drama da fugacidade da vida e trabalhar as antíteses vida e morte, juventude e velhice, atração e repulsa, espiritualidade e carnalidade. Talento reconhecido desde a adolescência, fez do desejo de conhecimento e da expressão poética o motivo central da sua existência. Parabéns por tratar no seu blog dessa escritora extraordinária, que precisa ser mais conhecida no Brasil. Um abraço!
JM Santos
Obrigado, professor, mais uma vez, por suas palavras que, a par de tão amáveis, sempre chegam para enriquecer O&B.
ExcluirQue fantastfan, Nilseu, amei!
ResponderExcluirObrigado. Preciso me dedicar mais ao espanhol, para poder apreciar melhor a poesia de Sor Juana...
ResponderExcluirAbraço, José de Castro
É isso aí, Zé. Ela é uma poeta extraordinária.
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