quarta-feira, 3 de abril de 2024

Do Livro das Revelações



Em "O Sétimo Selo", 

o cavaleiro cruzado

de Bergman

(Max Von Sydow)

e a Morte

(Bengt Ekerot),

que joga com as pretas 

(XIII)

Sete espíritos, sete castiçais de ouro, entre os quais, voz de muitas águas.  Sete estrelas à destra, e as chaves da morte e do inferno (1): Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da Árvore da Vida, diz a voz de muitas águas. Um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos, que um Leão, dos filhos de Judá, com sete pontas e sete olhos, os sete espíritos de Deus, é digno de abrir.

Aberto o primeiro selo, saiu um cavalo branco, cujo cavaleiro tinha um arco e foi-lhe dada uma coroa; e saiu para vencer; o segundo, e saiu um cavalo vermelho, a cujo gi­nete foi dado tirar a paz da terra; o terceiro, e saiu um cavalo preto, e seu ginete levava uma balança: uma medida de trigo por um dinheiro três de cevada por um dinheiro; o quarto selo, e saiu um cavalo amarelo, e seu cavaleiro tinha por nome Morte, e o inferno o seguia... (Gracia - Los Cuatro Jinetes - Blasco Ibañez) 

Aberto o quinto selo, viu-se sob o altar as almas dos que morreram por amor à Palavra; o sexto, e veio um grande tremor de terra, o sol tornou-se negro e a lua como san­gue. Estrelas caíram sobre a terra. E o céu retirou-se, como um livro que se enrola; reis da terra, e os grandes, ricos e os poderosos diziam às pedras das montanhas: Caí sobre nós, escondei-nos do rosto daquele sobre o trono, porque é vindo o grande dia de sua ira.

Aberto o sétimo selo, fez-se silêncio no céu por meia hora. (A percepção desse silêncio opõe o Cavaleiro de Ingmar Bergman à Morte, num jogo e xadrez em que não pode evitar o xeque mate. A questão é: Quando? Enquanto isso, a agônica espera do nada vai adensando, no filme inesquecível, a ideia do Absoluto.)

Sete anjos, diante de Deus, aos quais foram dadas sete trombetas. O primeiro tocou e houve saraiva e fogo com sangue, lançados sobre a terra, queimando sua terça parte; tocou o segundo e foi lançado ao mar algo como um monte ardente, e tornou-se em sangue a terça parte do mar.

O terceiro anjo tocou e caiu do céu uma grande estrela ar­dente sobre a terça parte dos rios e fontes. E o nome da es­trela era Absinto e terça parte das águas tornou-se absinto; o quarto, e foi ferida a terça parte do sol, da lua e das estrelas, para que sua terça parte escurecesse, e a terça parte do dia.

O quinto anjo tocou a trombeta e uma estrela do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. Gafanhotos como escorpiões fustigaram a terra por cinco meses. E ti­nham sobre si o anjo do abismo, cujo nome em hebraico era Abadom, e em grego Apoliom.

O soar da sexta trombeta soltou quatro anjos que esta­vam presos junto ao rio Eufrates, para que matassem um terço dos homens; ouvi as vozes dos sete trovões, mas uma voz mandou: Sela o que os sete trovões falaram, e não escreva. Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o segredo de Deus.

A voz disse: Toma o livro na mão do anjo, come-o e ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel. E viu-se outro sinal no céu, um grande dragão vermelho que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre suas cabe­ças, sete diademas. Do mar subiu uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia.

E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder. E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los. Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem; e o seu número é seiscentos e sessenta e seis.

E o anjo vindimou a foice as uvas da vinha da terra, e lançou-as no lagar da ira de Deus. Aos sete anjos foram dadas sete taças cheias da ira de Deus. Uma grande voz dizia: ide e derramai sobre a terra as sete taças.

Eu te direi o mistério da besta de sete cabeças e dez chifres que traz a mulher...  As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada, (nm)

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Continua na próxima quarta-feira


6 comentários:

  1. Texto muito criativo, a lembrar-me as histórias que me impressionaram a infância. Ou aterrorizaram. Ou encantaram, sei lá. Mas foram textos como este que acabaram me prendendo ao fascínio da literatura. Parabéns, Nilseu.

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    1. Caríssimo Zé: obrigado por sua visita ao blog e pelas palavras de apoio. Para O&B, a participação de pessoas como você é a própria razão de ser. Grande abraço.

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  2. José Daniel Machado9 de abril de 2024 às 05:08

    Amigo Nilseu:

    Obrigado, por mais essa "Heptaétrica". Desta vez você lembrou o grande filme de Begman, "O Sétimo Selo", que assisti há muitos anos. Preciso revê-lo para entender melhor o embate entre o cavaleiro medieval e a morte no curso de uma brutal epidemia.
    Noves fora o valor literário, não aprecio as revelações divinas. Prefiro as descobertas do intelecto humano. Entretanto, gostei muito de entender melhor o Apocalipse bíblico. Muito obrigado e já estou esperando a próxima postagem.

    Grande abraço,

    Daniel.

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    1. Obrigado, Daniel, pelo comentário gentil. "O Sétimo Selo" é realmente um filme que merece ser revisto. Grande abraço

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  3. Nilseu, como disse o seu amigo lá em cima, eu também voltei à infância! Obrigada!

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    1. Pois é, Magda. É assim mesmo. Infância vai, vai, mas está sempre aqui. Grande abraço

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