(XV)
De corda e pau é o berimbau.
O mar azul é de água e sal.
As armas e os barões assinalados // Que, da Ocidental praia lusitana... vão abrindo iluminadas rotas na vastidão salobra para quem queira fruir da aventura incomparável dos homens a vela: Bartolomeu Dias, Diogo Cão, Albuquerque, Vasco da Gama, Fernão de Magalhães, Pedro Álvares Cabral, e daquele Dom Henrique, Infante, que, sem nunca ter partido, chegou antes. Herdeiro de orientais arcanos, em portulanos obscuros, de ânsias, delírios, sonhos, e das chaves do Oceano, cujas portas, ao futuro, uma a uma foi abrindo, enquanto ia sonhando os seus sonhos de menino. Depois de contemplar, quedo, a vastidão das estrelas, achou que era pequeno o mar – uma tina de madeira – um sonho, então, de caravelas, tirou do baú da infância e, nos Sete Mares, a instância, foi pô-las a navegar. Bojador, Adamastor, Malaca, Calecut, Cipango, Curaçao, Macau, Timor, Bahia de Todos os Santos... Ó mar amargo de Pessoa, ó doce mar de Dorival!
Todos os mares
As estrelas da Grande Ursa, em número de sete, traem abismo e vertigem que o Escorpião, com seus sete luzeiros, sobreleva contra transparências suaves de um outubro cada vez mais longínquo. Sete Mares de Fernão de Magalhães, águas imprecisas do ardiloso Odisseu, de Simbad, o Marinheiro, e daquele Sandokan que, da Sumatra aos mares da China, conduzia a mais feroz abordagem por rotas delirantes de Emílio Salgari, e a mais leal. Águas do capitão Ahab, Cetáceo Império de Moby Dick, ou do próprio Herman Melville, não sei! Certezas que só podem ser encontradas nos primeiros livros mostram-nas enfarruscadas, tintas às vezes do rubro que esguicha direto das fontes de armas brancas, exultando heroísmos que não poderiam fluir senão na geografia vaga da infância.A alegria de descobrir desconcertantes vastidões torna
verossímeis impossíveis batalhas no esplendor do mar. E histórias de tesouros
que piratas enterraram em misteriosas ilhas de Robert Louis Stevenson,
referências luminosas como as geladas torres do Himalaia, ou as do branco
Aconcágua recortadas contra esplendente
azul, tão gratas quanto o eco da voz materna contando histórias, de Flor
Encarnada, da Moura Torta, do Pequeno Polegar... sempre com intuito de acalanto. (nm)
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Continua na próxima quarta-feira
Querido Nilseu, coincidentemente (?) estou relendo "Nau Capitânia", livro de Walter Galvani, ao qual demos o primeiro prêmio no Casa de las Américas de Literatura Brasileira de 2001, de Cuba, no qual fui membro do júri. A obra, de alto fôlego em termos de pesquisa histórica, revela para nós quem foi Pedro Álvares Cabral, de uma forma que os brasileiros até
ResponderExcluirentão ignoravam. Mares nunca dantes navegados...
A sedução do mar impõe muita coragem. Tanta, que outras fraquezas humanas deixam de ter relevância. No mais, é como disse Pompeu: "Navegar é preciso, viver não é preciso".
ExcluirMais uma postagem magnífica. Você nos deu uma aula lírica sobre a epopeia portuguesa. Honrou Camões e enalteceu as impressionantes conquistas portuguesas nos séculos XV e XVI.
ResponderExcluirMuito obrigado e parabéns. Grande abraço
Daniel.
O&B só pode agradecer pelo comentário gentil.
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