Era uma vez um cachorro maltês que, em manhã de domingo,
ensolarada, insólita manhã, buscou refresco e amparo em Fonte clara, no burburinho da Savassi.
Ante brancura tão nívea, confundiu-o com Narciso, a clara Fonte, e mimou-o com
prendas ternas de águas transparentes, seus frescores, os melhores.
– Não vou deixar que morra
outra vez.
Feito o cigano do romance
de Lorca, o cachorro portou-se como o maltês que era. Só não dá pra saber se
não terá cismado se não era casada a Fonte que o mimava. Apenas bebeu. (nm)
Nilseu:
ResponderExcluirLi todos os textos. Criativos, prendem a leitura. Você poderia avançar mais como cronista de BH, de ontem e de hoje.
Mauro
Ô, Mauro,
ResponderExcluirSuas palavras são gentis reconfortantes, mas se eu sair do plano da diversão, a essas alturas da vida, viro pedra de sal. Grande abraço.
Grande Nilseu,
ResponderExcluirContinue divertindo-se e brinde os leitores com sua verve, escrita fina e gostosa de ler.
Mais crônicas.....
É isso, Marçal. Diversão é melhor se a gente tem com quem compartilhar. Obrigado.
ResponderExcluirOi, NIlseu, (Cão, da turma das inesquecíveis Sônia, Chambella; Zeni Natividade,o médico irmão dela, e Anthony), fui na sua página, amei a crônica do Maltês e li grande parte das outras! Como você escreve bem! Um lirismo na medida, beleza pura! Nesta oportunidade, quero dizer que li seu livro e gostei demais.
ResponderExcluirAbração da Dinorah
Oi, Dinorah,
ResponderExcluirBom saber que você está em plena forma. Grande abraço.
Sem se falarem, ternamente se uniram a fonte e o cachorro num fugaz encontro de encantamento.
ResponderExcluirBeijo da sempre amiga.
Ô, Marília,
ResponderExcluirBom compartilhar com você aventuras do espírito, mesmo tão pequenas como um idílio só possível no reino da imaginação. Obrigado por suas presença aqui em O&B.
Olá, Nilseu! Que miniconto exemplar! O leitor desavisado pode contentar-se com a narrativa de um fato banal com sugestões eróticas. Mas, um exame mais cuidadoso explicita um arranjo sofisticado na história do seu níveo maltês à procura de refresco e amparo. Ao replicar nele Narciso, você o faz para redimir a personagem mitológica, que teve seu coração destroçado pela perda da ninfa Eco, vítima dos ciúmes olímpicos motivados pelo insaciável apetite sexual de Zeus. Em vez de ter no espelho da água sua perdição, como o personagem do relato mitológico, que buscava refrigério e esquecimento, o Narciso de seu miniconto dela obtém prazer. A água, cuja simbologia abrange fecundação, assume um caráter de sexualidade, corroborado pela relação intertextual com García Lorca e seu gitano: “ Y a su negrita/ y que yo me la llevé al rio/ creyendo que era mozuela,/pero tenía marido.” Ao elaborar sua própria versão do mito, você o despe de seu conteúdo trágico para substituí-lo pela radiante alegria do amor e do prazer da vida, algo muito de acordo com a alegria de viver que você tão bem sabe extravasar. Muito prazerosa a leitura do seu texto, Nilseu, como sempre, um presente para quem acompanha Ociosidades &Bagatelas. Um abraço!
ResponderExcluirJM Santos
Caríssimo Zé Maria,
ResponderExcluirPara quem tem ao alcance das mãos todas as referências, não seriam as do meu miniconto despretensioso que lhe haveriam de escapar, explícitas ou veladas. Mas a sua generosidade e erudição me favorecem com intencionalidades sobre as quais nunca tive o menor controle: apenas uma foto, alguma imaginação e instinto para um relato insólito a ser compartilhado com pessoas amigas. Obrigado por suas palavras. Elas enriquecem demais este O&B. Grande abraço
Nilseu, creio que seja a primeira vez que leio um mini conto. Espetacular! Mas o que mais me impressionou foi a sua capacidade de síntese. Colocar tanto em tão poucas linhas! E de brinde ainda ganhamos a bela e justa analíse do Zé Maria.
ResponderExcluirGratidão, Nilseu. É com grande prazer que leio suas postagens.
Querida Sonia,
ResponderExcluirObrigado por suas palavras gentis e, principalmente, por sua presença aqui neste O&B, depois de andar sumida uns tempos. Grande abraço.
Com um atraso de três meses (e, por isso,imperdoável)venho reverenciar esse miniconto, escrito com a elegância e a velada erudição de sempre. Enxergar Narciso na imagem de um cãozinho que simplesmente mata sua sede não é pra qualquer um, caro Nilseu!
ResponderExcluirCaríssima Angela,
ExcluirSuas palavras sempre chegam a tempo para enriquecer O&B, que tem andado bem devagar. Uma alegria! Obrigado.