Num sábado de sorte, na Rua Antônio de Albuquerque, a gente
esbarra por acaso com a poeta Angela
Leite de Souza, autografando os versos de “ESTAS MUITAS MINAS” (Prêmio
Casa de las Américas, Havana, 1997), que que acaba de relançar em requintada
edição da Miguilim, no calçadão da Livraria da Rua. Para quem estava atrasado
para o chope concertado com amigos, foi só cumprimentá-la de longe, porque a
fila era grande. Na volta, ao passar pela livraria, o calçadão estava vazio,
todos tinham ido embora.
Decorridos uns dias, porém, o correio Inspiração e sensibilidade mais admirável
habilidade e engenho na realização dos poemas sem, em momento algum, escorregar
pela ladeira fácil dos estereótipos. A
leitura não pode ser mais prazerosa: emoção, sim, porém com muito comedimento;
a graça, muita, é só pra sorrir, nada de gargalhadas, e as tristezas, na poesia
de Angela, vêm como um travo discreto, sem exasperações nem exacerbações
desesperadas. Cada poema, perfeita metonímia desse estado de espírito
esquisito, misterioso, enigmático, indecifrável, não para Angela, chamado Minas
Gerais.
generoso trouxe o livro. Isso de receber poesia em domicílio é bom demais. Aí, foi reler com gosto cada poema, apreciar a ourivesaria sutil com que Angela captura nuances recônditas, intangíveis, da alma de Minas (?).
Só pra compartilhar, num poema saboroso a ideia de que
embarcar numa estação mineira não é tão simples quanto parece. É bom que a
gente não se esqueça de que um trem é uma coisa e vice-versa:
e o medo
de perder,
Perdi o trem
e o medo
de perder
trens.
Perdi o trem
e o medo
de te perder.
Perdi o trem
e o medo
de te perder,
trem!
Perdi o trem
de medo
de te perder.
(nm)
Excelente. Eita trem bão.
ResponderExcluirCaro Nilseu.
ResponderExcluirEmocionei-me com suas páginas no "Ociosidades".Que delícia rever a Savassi florida. Lembrei-me dos chopes que curtimos juntos.
O livro de sua amiga Ângela deve estar muito bonito. A mostra diz tudo. Que trem bão!Gostaria de adquiri-lo pela internet. Tem jeito?
Quanto às tragédias que assolam nossa Pátria Amada, nem é bom comentar. Desolação é o termo correto.
Edinho